CARTA ABERTA DOS
TRABALHADORES E TRABALHADORAS
DO GRUPO ELETROBRAS AO SENHOR WILSON PINTO FERREIRA JUNIOR (PRESIDENTE DA
ELETROBRAS)
Senhor Presidente,
A presente carta aberta tem o intuito
de colaborar com o seu melhor discernimento a respeito do quadro
funcional da ELETROBRAS e suas controladas, CHESF, FURNAS, ELETRONORTE,
ELETROSUL, ELETRONUCLEAR, CEPEL e Empresas Distribuidoras, mais precisamente, a
respeito dos valorosos profissionais que fizeram do Grupo Eletrobras a maior
empresa de geração e transmissão de energia da América Latina, e que, com a
veemência das suas palavras em reunião com representantes dos trabalhadores,
foram diretamente desrespeitados e agredidos. Palavras que expressam uma
convicção equivocada sobre a realidade empresarial e funcional do grupo que o
senhor hoje tenta presidir. Afinal, geramos e operamos cerca de 46.800 MW e um
Sistema de Transmissão com 70.200 km de Linhas de Transmissão e suas complexas
subestações associadas! Ao longo de décadas, construímos todo esse magnífico
complexo energético que diretamente sustentou e continua sustentando o
desenvolvimento da imensa nação brasileira.
Senhor Presidente, o senhor não pode
e não podia ignorar a situação da Eletrobras e suas empresas dentro de um
contexto histórico de magnitude e grandeza. Empresas construídas com muita
competência, zelo e dedicação por aqueles que agora são agredidos de forma vil
e infame.
A indignação dos trabalhadores é
geral! A ofensa não se justifica! Suas palavras raivosas e preconceituosas
ainda ecoam em nossos ouvidos, causando grande mal-estar e decepção, ao serem
proferidas por aquele que deveria liderar e presidir.
No “Relatório da Administração e
Demonstrações Financeiras – 2016” que foi pelo senhor assinado, logo na
mensagem inicial se lê:
“A Eletrobras vai completar 55 anos
em junho de 2017. Se o Brasil conseguiu sair de uma capacidade instalada de 1,9
GW no início da década de 50 para mais de 150 GW de energia em 2016, com um
sistema interligado em todas as regiões do território nacional, muito se deve
ao empenho e capacidade técnica dos profissionais desta Companhia. Isso
não seria possível sem o trabalho de todos os nossos colaboradores, a quem a
Eletrobras e o Brasil
têm muito a agradecer. Também
não seria possível chegar até aqui sem uma relação cordial, dialógica e
construtiva com todos os nossos públicos de interesse, como comunidades
impactadas, acionistas, fornecedores, entre outros. Devemos a cada um desses
públicos, e às relações sólidas que temos estabelecido com eles, os 55 anos de
existência de nossa empresa. E contamos com todos eles para a reinvenção, dia a
dia, do nosso futuro”.
Senhor Presidente, o senhor renegou o
que acima está expresso. Jogou na lama!
Veja só, Senhor Presidente, foi com
esses profissionais capacitados e treinados ao longo dos anos que o Grupo
Eletrobras tornou-se referência mundial em projetos de geração e transmissão de
energia elétrica. As Empresas do grupo Eletrobras atendem a sociedade com a
mais nobre das matérias-primas do desenvolvimento: a Energia Elétrica; e isso
se deve a trabalhadores dignos e merecedores de respeito. Não somos moleques!
Alcançamos esse patamar de excelência com muito trabalho, competência,
dedicação, suor e muitas noites “viradas”, principalmente destes que neste
momento são nominados de inúteis, vagabundos e safados. O senhor
quantifica em 40% do quadro esses inúteis, vagabundos e safados,
ou seja, cerca de 8.000 colaboradores! Saiba que é sua a prerrogativa
(obrigação) de nominar esses 40%, pois não conhecemos, no Grupo Eletrobras, esse
contingente de inúteis, vagabundos e safados.
Não seja irresponsável. Não seja
leviano como está sendo. A Eletrobras, suas empresas e seus construtores
merecem respeito. A simples desculpa e retratação interna não se basta (a
sociedade cobra explicações). É necessário um comportamento respeitoso no
dia-a-dia. Suas afirmativas injuriosas e caluniosas nos desmoralizaram perante
a opinião pública, pois tais afirmações vieram justamente de quem se esperava
reconhecimento do passado e apontar os caminhos para superar a grave crise do
setor elétrico. Se não para isso, para que serve um presidente? É função do
Presidente defender seus colaboradores e sustentá-los como bem maior, como
patrimônio da corporação.
Sr. Presidente, se dê ao respeito
para ser respeitado!
Quando o senhor chegou, já estávamos
nos reerguendo dos efeitos devastadores da Medida Provisória 579 – Lei
11.783/2013. As diligências para o arquivamento dos Formulários 20F de 2014, e
2015, necessários à manutenção das ações da Eletrobras na Bolsa de Nova Iorque,
já estavam bem avançadas. Essas e outras importantes ações que foram tomadas
por competentes equipes multidisciplinares das empresas e ainda estão em curso,
não podem ser creditadas à sua pessoa.
Lamentavelmente, o senhor não teve a
humildade necessária para reconhecer e dar crédito à equipe responsável. Aliás,
estamos vendo o quão competente é o senhor na arte do auto-marketing. Parte da
mídia, ainda desinformada, rende-lhe apreço. Mesmo o Ministro do MME, Sr.
Fernando Coelho Filho, restringe os bem-feitos da Eletrobras à sua pessoa e não
à equipe.
Saiba que o senhor não agrediu e
desrespeitou apenas os 20.000 trabalhadores da ELETROBRAS, CHESF, ELETRONORTE,
FURNAS, ELETROSUL, ELETRONUCLEAR, CEPEL e mais outros tantos das Empresas
Distribuidoras; o senhor feriu, da forma mais infame possível, todas as
famílias (cônjuges e filhos) que sempre assistiram a dedicação de seus entes
queridos, com determinação, a serviço dessas empresas, em detrimento até de
suas obrigações pessoais e familiares. Isso representa uma significativa
parcela da sociedade indignada com as afrontas de sua postura.
E como fica o nosso Código de Ética
pelo senhor aprovado? Foi para a lata de lixo? Como o senhor se vê diante
dessas graves infringências?
Senhor Presidente, esta não é uma
carta apócrifa; veja nela a assinatura de todos os empregados do Grupo
Eletrobras e suas controladas e, se houver exceções, pode acreditar que serão
raríssimas. Os termos desta também levam a chancela de todas as famílias
atingidas.
Junho de 2017
ATENCIOSAMENTE,
TRABALHADORES E TRABALHADORAS DO GRUPO ELETROBRAS