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China, o novo grande parceiro
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Numa só tacada, durante a visita do presidente chinês Xi Jinping ao Brasil, os governos dos dois países firmaram 32 acordos prevendo desde a cooperação nos setores de energia e ferrovias, até o ensino de mandarim em escolas brasileiras e a facilitação de vistos de negócios entre os dois países. Parte dos memorandos assinados refere-se a negócios já anunciados, como a venda do Banco Industrial e Comercial (BicBanco) ao Banco de Construção da China. Mas, do pacote divulgado ontem, constam também exportações que superaram as expectativas, como a venda de 60 aeronaves da
Embraer aos chineses.
Da conversa realizada pela manhã entre Xi Jinping e Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto, resultaram ainda boas notícias para os dois lados. O mandatário chinês recebeu o apoio da presidenta brasileira na candidatura chinesa a sede das Olimpíadas de Inverno em 2022, enquanto Dilma teve atendido o seu pedido de que a China retirasse o embargo às exportações de carne bovina brasileira. "Com grande satisfação eu recebo hoje o Presidente da República Popular da China, Xi Jinping. Sua visita ao Brasil marca o quadragésimo aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre os nossos países. O balanço não poderia ser mais positivo e o futuro não poderia ser mais promissor. Nossas relações, que configuram uma parceria verdadeiramente estratégica, desenvolvem-se com velocidade inédita, em diversas áreas de cooperação", afirmou Dilma, em discurso após a cerimônia de assinatura dos atos no Planalto, realizada na sequência do encontro bilateral entre os dois mandatários.
A presidenta destacou que China e Brasil são as maiores economias em desenvolvimento nos respectivos hemisférios e estão cada vez mais integradas. "Partimos de uma corrente de comércio de US$ 3 bilhões para a cifra recorde de quase US$ 90 bilhões, em 2013. A China é, desde 2009, nosso principal parceiro comercial. O Brasil é o maior destino dos investimentos chineses na América Latina", ressaltou.
Durante o encontro com Xi Jinping, Dilma demonstrou sua satisfação com a participação das empresas chinesas Cnooc e CNPC no consórcio liderado pela Petrobras para a exploração do Campo de Libra, além da "crescente presença chinesa no setor elétrico brasileiro por meio da State Grid". "Essa parceria ganha hoje renovado impulso com a assinatura de dois novos acordos. O primeiro, entre a Petrobras (em verdade, Eletrobrás; a presidenta confundiu asestatais...) e a State Grid para a construção de linhas de transmissão para ultra-alta tensão na Usina de Belo Monte. O segundo, entre Eletrobrás, Furnas e o Grupo Três Gargantas para a construção da hidrelétrica do Rio Tapajós", ressaltou Dilma em sua declaração após o encontro.
Na reunião, Dilma convidou o mandatário chinês a participar do Programa de Investimentos emLogística, em especial, em ferrovias. "Reiterei ao presidente Xi Jinping minha expectativa sobre a participação de empresas chinesas nos projetos brasileiros de infraestrutura e logística. Damos especial atenção à licitação do trecho 4 da Ferrovia Transcontinental, que ligará Lucas do Rio Verde a Campinorte. Essa obra integra a Ferrovia Transoceânica Brasil - Peru, fundamental para a integração sul-americana e o escoamento das exportações brasileiras para a Ásia", apontou. Na conversa com Xi Jinping, Dilma falou sobre a necessidade de agregar valor às exportações brasileiras. "Exemplo importante de iniciativa nesse sentido foi a venda de 60 aeronaves da Embraer às chinesas Tianjin Airlines e ICBC Leasing", destacou.
Os dois mandatários acordaram também a ampliação da presença de estudantes brasileiros na China, no âmbito do Programa Ciência sem Fronteiras, e também o estabelecimento de estágio para esses bolsistas. "Para atingir a meta de 5 mil estudantes na China, promoveremos o aprendizado do mandarim no Brasil, com a abertura de novas unidades do Instituto Confúcio em universidades brasileiras",
anunciou Dilma.
Xi Jinping, por sua vez, ressaltou as oportunidades de intercâmbio "de alto e mais níveis em todas as esferas" entre os dois países, estimulando o crescimento do comércio bilateral, especialmente, em áreas estratégicas como petróleo, energia elétrica, minério de ferro e agricultura. Ele também confirmou a decisão chinesa de estabelecer uma cooperação estratégica com o Brasil para a construção de ferrovias e em outras obras de infraestrutura. Na opinião do presidente chinês, China e Brasil se encontram em "estágio-chave" do seu desenvolvimento. "Depois dessa visita, saio com mais confiança das perspectivas de desenvolvimento da China e do Brasil", afirmou, agradecendo à presidenta Dilma pelo "arranjo esmerado" para a sua vinda ao Brasil e pelo apoio à candidatura da China para os Jogos de Inverno de 2022. Após a declaração, Dilma e Xi Jinping testaramo site de buscas chinês Baidu, em português.
China oferece três linhas de crédito para a América Latina
Jinping propôs a criação de um fórum permanente de chineses com os latino-americanos
Além de ter participado de reunião com os colegas dos Brics, o presidente chinês aproveitou a sua vinda ao Brasil para encontrar-se também com representantes dos governos da América Latina. Ontem, após encontrarse com Dilma Rousseff, Xi Jinping, na companhia da presidenta brasileira, integrou a reunião da Cúpula Brasil-China-Quarteto da Celac-Países da América do Sul, no Palácio do Itamaraty. Ao encontro, Xi Jinping levou mais do que declarações de amizade: ofertou três linhas de crédito aos países da região.
"O que eu acredito é que Brasil e China deramum passo muito significativo. Um deles foi nos Brics. Teremos um novo banco de desenvolvimento e o acordo contingente de reservas. Eu acho que são muito relevantes esses dois mecanismos. Agrega-se a isso a proposta da China de criar laços coma região, o que para nós é muito importante", afirmou a presidenta Dilma Rousseff aos jornalistas, após a reunião no Itamaraty. Segundo ela, Xi Jinping propôs aos demais participantes da reunião que seja criado um fórum permanente com a participação da China. "Além desse fórum, houve medidas propostas pelo governo chinês, no sentido de aproximar relações com a América Latina. Foi proposto um fundo específico para infraestrutura, que terá capital inicial de US$ 10 bilhões. Além disso, ofertaram o lançamento de uma linha de crédito preferencial para a Celac, podendo chegar a US$ 10 bilhões, e ainda um fundo de cooperação sino/latino-americano/caribenho de US$ 5 bilhões, em áreas a serem estabelecidas de parte a parte", acrescentou Dilma.
Questionada por jornalistas, a presidenta deu uma resposta à diretora-geral do FMI, Christine Lagarde: "Eu já havia dito que o nosso acordo de contingência de reservas não era contra ninguém e que não abriríamos mão dos nossos direitos no FMI. Somos cotistas, queremos uma mudança no sistema de cotas. Não é possível a gente ter uma representação menor. O que ela (Lagarde) disse é que tem interesse emtrabalhar conosco e nós também temos interesse de trabalhar com ela".
PRINCIPAIS ACORDOS
Vistos de negócios
Facilitação da entrada de chineses viajando a trabalho no Brasil e vice-versa. Os vistos serão concedidos por três anos, com90 dias de prazo de estadia, prorrogáveis por mais 90.
Cooperação ferroviária
Firmado entre o Ministério do Transportes e a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC) da China para elaboração de projetos ferroviários e capacitação de recursos humanos, abrindo espaço para investimentos chineses no Brasil.
Cooperação no setor de infraestrutura
Assinado entre o BNDES e o Banco de Desenvolvimento da China, comfoco no investimento eminfraestrutura em projetos no Brasil e na América Latina
Cooperação entre o BNDES e o Eximbank
Prevê a atuação conjunta das duas instituições em projetos de investimento em energia, infraestrutura e telecomunicações, especialmente, na África.
Cooperação entre BNDES e CIC (Corporação de Investimento da China)
A CIC é a gestora do fundo soberano chinês. O objetivo do memorando é a atuação conjunta emprojetos de investimento.
Compra de 20 aeronaves E-190 e 20 E-190E-2, ambas da Embraer, pela Tianjin Airlines. Outro contrato prevê a aquisição de 20 jatos E-190 da Embraer pelo ICBC (Industrial and Commercial Bank of China).
Aquisição de controle acionário Venda do Banco Industrial e Comercial (BicBanco) ao Banco de Construção da China.
Cooperação entre a Vale e o Eximbank
Amplia as linhas de crédito pelo Eximbank à Vale emUS$ 5 bilhões, ao longo de três anos, para aquisição ou locação de equipamentos e embarcações de empresas chinesas.
Aviação civil
Cooperação nas áreas de infraestrutura aeroviária, transporte aéreo, navegação aérea, combustíveis ambientais e sustentáveis, indústria aeronáutica e capacitação de recursos humanos.
Aprendizagem do mandarim
Difusão da aprendizagemde mandarimno Brasil, mediante a instalação de centros de ensino do idioma emuniversidades federais brasileiras, oferta de cursos online, aplicação de testes de avaliação linguística e envio de professores chineses ao Brasil.
Estágio para estudantes brasileiros na China
Cooperação estratégica entre o MCTI(Ministério da Ciência, Tecnologia e Informação) e a Baidu para a oferta de estágios na China para os estudantes do Programa Ciência SemFronteiras e desenvolvimento de Centro de Pesquisa da Baidu.
Cooperação estratégica entre Eletrobras, Furnas, China Three Gorges Corporation e CWEI Brasil
Incremento do acordo entre as partes, comfoco na licitação para a construção da Hidrelétrica do Rio Tapajós.
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Fonte: Brasil Econômico
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Data de Publicação: 21/07/2014
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